União Europeia reage com cautela à atuação de Alexandre de Moraes

Bruxelas – As recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), continuam ecoando além do Atlântico e agora despertam reações discretas, mas significativas, dentro da União Europeia. Autoridades, diplomatas e organizações de defesa de direitos digitais observam com atenção os rumos da democracia brasileira e a forma como o Judiciário tem enfrentado a desinformação e o radicalismo político.

ABUSO DE AUTORIDADES

Phoenix Tpnews

8/5/20252 min read

Bruxelas – As recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), continuam ecoando além do Atlântico e agora despertam reações discretas, mas significativas, dentro da União Europeia. Autoridades, diplomatas e organizações de defesa de direitos digitais observam com atenção os rumos da democracia brasileira e a forma como o Judiciário tem enfrentado a desinformação e o radicalismo político.

Em Bruxelas, parlamentares do Parlamento Europeu de diferentes bancadas já comentam, em debates internos, a necessidade de acompanhar de perto a situação. Enquanto alguns veem em Moraes uma espécie de “guardião da democracia”, capaz de conter tentativas de golpe e ataques às instituições, outros alertam para os riscos de “excessos judiciais” que poderiam resvalar em censura e concentrar poder em uma única instância.

“É um dilema complexo: por um lado, há a ameaça real da extrema direita e das campanhas digitais de desinformação; por outro, as soluções não podem criar novos problemas para a liberdade de expressão e a independência dos poderes”, afirmou à reportagem um diplomata europeu sob reserva.

Organizações civis em alerta

Entidades de direitos humanos e associações ligadas à liberdade digital, como a European Digital Rights (EDRi), já começaram a incluir o Brasil em seus relatórios de monitoramento. A preocupação central é o bloqueio de plataformas inteiras — como Telegram e X — e a remoção de conteúdos determinada por Moraes sem amplo debate legislativo.

“A luta contra o ódio e as fake news é legítima e necessária, mas precisa estar ancorada em processos transparentes, com salvaguardas institucionais. Caso contrário, pode servir de precedente para governos autoritários em outras partes do mundo”, disse a eurodeputada alemã Katharina Schulze (Verdes).

Relações políticas e comerciais

No campo diplomático, fontes em Bruxelas indicam que, por ora, a Comissão Europeia não planeja qualquer medida oficial. A avaliação predominante é de que a crise política brasileira deve ser resolvida internamente. Contudo, membros do serviço externo da UE admitem que as recentes sanções dos Estados Unidos contra Moraes — e a escalada de tensões em Brasília — forçam a Europa a refletir sobre uma eventual posição comum.

“Não se trata apenas do Brasil, mas do debate global sobre regulação da internet e dos limites de poder do Judiciário. O que acontecer em Brasília certamente terá reflexos em outras democracias”, observou um funcionário europeu ligado à área digital.

Ecos na imprensa europeia

Veículos como Le Monde (França), El País (Espanha) e Frankfurter Allgemeine Zeitung (Alemanha) têm repercutido as reportagens da The Economist e da New Yorker, destacando tanto o protagonismo quanto as polêmicas em torno de Moraes. O tom predominante é de cautela: reconhecimento da ameaça real enfrentada pelo Brasil, mas preocupação com o precedente de decisões consideradas “extraordinárias” demais.

Entre aplausos e críticas

Assim, a União Europeia acompanha com atenção, mas também com divisão, os passos do ministro brasileiro. Para uns, ele simboliza resistência às forças antidemocráticas. Para outros, um risco de que a defesa da democracia seja conduzida por caminhos que fragilizem as próprias bases do Estado de Direito.

Enquanto isso, em Brasília, Moraes segue no centro de uma disputa que agora já não é apenas nacional, mas internacional — e que coloca o Brasil no centro das discussões globais sobre como enfrentar desinformação sem sacrificar liberdades fundamentais.