O silêncio que protege o poder

Em fevereiro de 2022, a Polícia Federal indiciou Isaac Alcolumbre, primo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, por tráfico internacional de drogas e organização criminosa. O episódio, noticiado em veículos nacionais, expôs a conexão direta da família do senador com o crime organizado no Amapá.

OPINIÃO

PHOENIX TPNEWS

8/5/20251 min read

Em fevereiro de 2022, a Polícia Federal indiciou Isaac Alcolumbre, primo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, por tráfico internacional de drogas e organização criminosa. O episódio, noticiado em veículos nacionais, expôs a conexão direta da família do senador com o crime organizado no Amapá.

Mais recentemente, denúncias levantadas pelo jornalista Alan dos Santos ampliaram as suspeitas, apontando que parte do financiamento político de Davi Alcolumbre teria origem em atividades ilícitas ligadas ao contrabando de minerais raros e ao narcotráfico. Embora não haja indiciamento formal contra o senador, a proximidade familiar com investigados e o silêncio das instituições levantam dúvidas legítimas sobre a origem dos recursos que sustentaram sua ascensão.

A indignação cresce quando se observa o contexto mais amplo. Desde que Alexandre de Moraes assumiu uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, em 2017, o Brasil não testemunhou mais grandes operações contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que se expandiu nacionalmente e internacionalmente. O contraste entre a intensidade das operações anteriores e o atual marasmo investigativo é evidente.

Enquanto cidadãos comuns sofrem com a violência e com os efeitos do narcotráfico, figuras políticas de destaque permanecem blindadas. A ausência de investigações robustas contra os poderosos, somada à estagnação no combate ao crime organizado, projeta uma sombra sobre o Estado de Direito brasileiro.

É inaceitável que denúncias graves envolvendo familiares próximos de líderes do Congresso Nacional sejam tratadas como notas de rodapé. A democracia perde quando o poder se fecha em torno de si mesmo, protegendo seus membros e ignorando os vínculos incômodos com atividades criminosas.

O Brasil precisa de transparência, coragem institucional e a retomada de operações firmes contra o crime organizado. Sem isso, a mensagem transmitida à sociedade é a pior possível: há uma elite política e jurídica que não responde à lei.