“Córtex nas mãos erradas: jornalista denuncia espionagem e invasão de dados com provas encontradas em seu veículo”

Um sistema criado para reforçar a segurança pública no Brasil se transformou em ferramenta de ameaça contra cidadãos. O jornalista Wilson Antônio Camilo Ribeiro afirma ter sido vítima de espionagem e invasão de dados por meio de acessos clandestinos ao Córtex, a inteligência artificial do Ministério da Justiça

Redação Especial

8/28/20253 min read

Autoridades e Criminosos juntos

Um sistema criado para reforçar a segurança pública no Brasil se transformou em ferramenta de ameaça contra cidadãos. O jornalista Wilson Antônio Camilo Ribeiro afirma ter sido vítima de espionagem e invasão de dados por meio de acessos clandestinos ao Córtex, a inteligência artificial do Ministério da Justiça, e apresenta provas materiais de que teve seu carro adulterado com dispositivos de rastreamento e escuta ambiental.

A descoberta

Em março de 2024, durante uma revisão elétrica de rotina em seu Toyota Etios, Wilson foi surpreendido com a constatação feita pela oficina Kauai Pneus, em São Gonçalo (RJ). Técnicos encontraram equipamentos eletrônicos não originais e dispensáveis para o funcionamento do veículo, aparentemente destinados à espionagem e captação de áudio. O achado foi registrado em um documento formal emitido pela empresa, certificando que o proprietário desconhecia a existência desses dispositivos.

As fotos feitas no local revelam fios adulterados, conexões improvisadas e módulos eletrônicos escondidos sob o painel do carro — características típicas de instalação clandestina.

O elo com o Córtex e a i-Find

O caso individual ganha gravidade quando colocado em perspectiva. Investigações da Polícia Federal, no âmbito da Operação i-Fraude, revelaram em 2024 que criminosos haviam obtido acesso ao Córtex, o megasistema de monitoramento do Ministério da Justiça, e o comercializavam por meio da plataforma i-Find. Entre os usuários estavam membros do PCC, agentes de segurança e servidores públicos.

Por valores que partiam de R$ 20, criminosos podiam rastrear pessoas, acessar dados bancários, alterar cadastros e até consultar câmeras em tempo real. Segundo a PF, o sistema foi usado até para monitorar autoridades como o senador Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya.

As consequências pessoais

Wilson relata que sofreu invasão de seus dados bancários, adulteração de cadastros no Bradesco — incluindo a inserção de um endereço falso em uma comunidade dominada pelo tráfico e pela milícia, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Ele acredita que isso o expôs intencionalmente a riscos físicos e financeiros.

Após ter sido alvo de vigilância ilegal, fraudes bancárias tendo como número de telefone, 21-96608-8324 vinculados as suas contas bancárias e cartões de créditos, além de ameaças resultantes do uso criminoso do sistema Córtex, o jornalista decidiu recorrer a instâncias internacionais. O pedido de proteção internacional foi encaminhado ao ONU e apuração dos fatos ao Tribunal Penal Internacional (TPI), acompanhado de documentos, provas técnicas e registros que demonstram sua exposição direta às ações criminosas.

Segundo o relato, o TPI acolheu o pedido e deferiu a solicitação, reconhecendo o risco à integridade física e à liberdade do jornalista. O caso agora passa a ser acompanhado por organismos internacionais de proteção a defensores de direitos humanos e jornalistas em risco.

“O que era para ser um sistema contra o crime acabou se tornando uma arma contra cidadãos comuns. Eu, como jornalista que denunciei criminosos em meus textos, me tornei alvo. Fui vigiado, meus dados bancários invadidos e até meu carro foi equipado com escuta clandestina”, denuncia.

O que dizem as autoridades

Até o momento, o Ministério da Justiça não reconheceu oficialmente a relação direta entre o caso de Wilson e o vazamento do Córtex. Em notas anteriores, a pasta afirmou que atualiza protocolos de segurança e que investigações cabem exclusivamente à Polícia Federal.

Porém, organizações da sociedade civil e veículos de imprensa já vinham alertando sobre a falta de auditoria independente e o risco de uso político ou criminoso do sistema.

Reflexão

O caso do jornalista expõe o que até agora era tratado como ameaça abstrata: a tecnologia estatal, quando desviada de sua finalidade, pode ser usada contra quem deveria proteger. Se comprovada a ligação entre os dispositivos encontrados no veículo e o uso indevido do Córtex, estaremos diante de uma violação gravíssima de direitos fundamentais.